terça-feira, 8 de setembro de 2009

Safo

Safo !

Fascina - te a beleza e a formosura langue,
a juventude em flor ao vir da puberdade...
quando alguém desabrocha em sentida vaidade
o infrene furor da languidez do sangue...

preferes a mulher dentro da extravagância,
és excêntrica e lésbica de forma voluptuosa...
masturba-se teu ser na áurea langorosa,
tens instinto de hiena e capro na inconstância

Liba da nuca ao ventre o corpo de uma ninfa...
Enlaças-Te ao pescoço e num desejo ardente,
Oscula os pés e o seio seu carícia de Linfa!

Tens impulsos de Adônis em tua ruiva cegueira
Íncubo feminil, que sorves lentamente,
o almíscar carnal de tão doce maneira!

Nova Iguaçu 951
Ernani Rosas

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Pés

Pés

Pés de martírios, pés chagados - dores...
que o chão trilharam n'uma Sexta-feira,
Sete-Dores chagados p'la canseira
do pó da Estrada p'ra quem tem amores!

Sete-Dores de passos indecisos
que Deus plasmara na amplidão silente...
Sete-chagas de sóis rumo impreciso
de errante estrada para a dor da gente...

Pés descarnados, gélidos, feridos
p'lo horror da vida de sofrer ingente,
Pés de Jesus em sangue doloridos...

Chagas do Tédio p'la existência amara
Rasgando Selvas na distância, sente...
ferir-lhe a carne os cordais do Saara!...

N. Iguaçu 952
E. Rosas

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Sonetos I e II

Nunca mais olhar quebrado
nas olheiras cor de lírio
bebi esse luar velado
das pupilas do martírio.

Foi numa tarde distante
dum crespúsculo sem-fim,
que da banda do levante
a tarde chorara assim!...

Nunca mais olhos magoados
vi nas místicas retinas
choverem lírios dobrados


pelas horas vespertinas...
nunca mais, ah! nunca mais....
ouvirei suspiros dAis!....

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Todo prazer é um beijo mal roubado


Todo prazer é um beijo mal roubado,
morre-me a boca para repeti-lo:
entre o eflúvio de um sonho malogrado
e p'la boca das rosas dividi-lo...

Como é bom esse amor, sendo metade !
curto instante à penumbra do jardim...
ao partimos levamos a vontade,
p'rá que nos volte uma outra noite assim!

Fui despertado p'lo Luar de impura
noite de Lua e desleal Ledice...
na embriaguez de lúbrica ventura!

Fui pressentido, ó dura crueldade...
Libertei-me do Amor, sem mais tolice,
deixando o gozo toda na metade!...